MATANDO UM LEÃO POR DIA
Texto
de Pierre Schurmann
Outro
dia, tive o privilégio de fazer algo que adoro: fui almoçar com um amigo, hoje
chegando perto de seus 70 anos. Gosto disso. São raras as chances que temos de
escutar suas histórias e absorver um pouco de sabedoria das pessoas que já
passaram por grandes experiências nesta vida.
Depois
de um almoço longo, no qual falamos bem pouco de negócios mas muito sobre a
vida, ele me perguntou sobre meus negócios. Contei um pouco do que estava
fazendo e, meio sem querer, disse a ele:
-”Pois
é. Empresário, hoje, tem de matar um leão por dia”.
Sua
resposta, rápida e afiada, foi:
-”Não mate seu leão. Você deveria mesmo era cuidar dele”.
-”Não mate seu leão. Você deveria mesmo era cuidar dele”.
Fiquei
surpreso com a resposta e ele provavelmente deve ter notado minha surpresa,
pois me disse:
- “Deixe-me lhe contar uma história que quero compartilhar com você”.
- “Deixe-me lhe contar uma história que quero compartilhar com você”.
Segue,
mais ou menos, o que consegui lembrar da conversa:
“Existe
um ditado popular antigo que diz que temos de “matar um leão por dia”. E por
muitos anos, eu acreditei nisso, e acordava todos os dias querendo encontrar o
tal leão.
A vida
foi passando e muitas vezes me vi repetindo essa frase.
Quando
cheguei aos 50 anos, meus negócios já tinham crescido e precisava trabalhar um
pouco menos, mas sempre me lembrava do tal leão Afinal, quem não se preocupa
quando tem de matar um deles por dia?
Pois
bem. Cheguei aos meus 60 e decidi que era hora de meus filhos começarem a tocar
a firma. Mas qual não foi minha surpresa ao ver que nenhum dos três estava
preparado! A cada desafio que enfrentavam, parecia que iam desmoronar emocionalmente.
Para minha tristeza, tive de voltar à frente dos negócios, até conseguir
contratar alguém, que hoje é nosso diretor-geral.
Este
“fracasso” me fez pensar muito. O que fiz de errado no meu plano de sucessão?
Hoje, do alto dos meus quase 70 anos, eu tenho uma suspeita: a culpa foi do
leão”.
Novamente,
eu fiz cara de surpreso. O que o leão tinha a ver com a história? Ele, olhando
para o horizonte, como que tentando buscar um passado distante, me disse:
- “É.
Pode ser que a culpa não seja cem por cento do leão, mas fica mais fácil
justificar dessa forma. Porque, desde quando meus filhos eram pequenos, dei
tudo para eles. Uma educação excelente, oportunidade de morar no exterior,
estágio em empresas de amigos. Mas, ao dar tudo a eles, esqueci de dar um leão
para cada, que era o mais importante. Meu jovem, aprendi que somos o resultado
de nossos desafios. Com grandes desafios, nos tornamos grandes. Com pequenos
desafios, nos tornamos pequenos. Aprendi que, quanto mais bravo o leão, mais
gratos temos de ser. Por isso, aprendi a não só respeitar o leão, mas a
admirá-lo e a gostar dele. Que a metáfora é importante, mas errônea: não
devemos matar um leão por dia, mas sim cuidar do nosso. Porque o dia em que o
leão, em nossas vidas morre, começamos a morrer junto com ele.”
Depois
daquele dia, decidi aprender a amar o meu leão. E o que eram desafios se
tornaram oportunidades para crescer, ser mais forte, e “me virar” nesta selva
em que vivemos.
A
capacidade de luta que há em você,
precisa de adversidades para revelar-se.
precisa de adversidades para revelar-se.
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