Leite bovino: uma controvérsia ética
A
maioria dos descendentes de caucasianos (finlandeses, noruegueses, suecos,
suíços e austríacos), e ainda assim, nem todos, em torno de 75%, mantêm a
lactase após o desmame. Os demais povos, com genética indígena, asiática,
árabe, judaica, afro, para citar apenas os grupos que constituem a maioria da
população humana ao redor do planeta, têm a produção da lactase cessada
completamente ou diminuída significativamente após a primeira dentição, num
percentual inversamente proporcional ao dos caucasianos, quer dizer, de cada
100 pessoas, pode chegar a 75 o número das que ingerem leite sem conseguir
digeri-lo direito. E fazem isso a vida toda, sem que nenhum médico as alerte
para isso, porque eles também não estudaram essa questão na faculdade. Seria
maldoso pensar que eles sabem mas escondem dos pacientes a verdade.
A
verdade é que a maioria das pessoas padece a vida toda de mazelas digestivas,
transtornos de humor por conta de acidez no estômago ou de gases se formando em
seus intestinos, fora o diabetes, as placas de calcificação nas artérias, as
infecções do ouvido, garganta, bexiga, recorrentes, o nariz escorrendo muco na
infância, a dor de barriga infantil recorrente, a obesidade e tantas outras
mazelas que não caberia listar, por conta da ingestão do leite bovino. Ao
contrário do que já está mais comum ouvir, o leite não é nocivo apenas por
causa da lactose. Ele é um veneno principalmente pela caseína! Coisa ruim essa
proteína com a prolina pegajosa grudando os demais aminoácidos e impedindo que
ela seja desmanchada.
Como é
que um Conselho Regional de Nutrição pode proibir seus profissionais de revelarem
aos seus pacientes que o leite produz muitos males?
Botamos
políticos que não sabem nada de nutrição a votarem leis que tratam da nossa
nutrição (atendendo aos interesses do agronegócio) e agora, para nos deixar
ainda mais desprotegidos contra os malefícios do leite, os nutricionistas estão
proibidos de nos avisar dos males que o leite bovino está a acarretar ao redor
do planeta? Não fosse comprovada cientificamente, pela comunidade médica, os
médicos do Comitê dos Médicos por uma Medicina Responsável não teriam entrado
com a petição, junto ao governo norte-americano, para que o leite seja abolido
da merenda escolar de todas as escolas norte-americanas. Não bastasse essa
petição, esses médicos (são hoje mais de 6.000!) também pedem que seja abolida
da Emenda Constitucional que trata da merenda escolar, a frase escrita lá pelo
agronegócio das décadas de oitenta a noventa, na qual o leite é citado como um
“alimento fundamental para a saúde das crianças”.
E um
conselho de nutrição no Brasil passa uma circular proibindo todos os
nutricionistas de dizerem que o leite bovino não é recomendável para a saúde
humana!
No livro
Galactolatria: mau deleite, podem ser lidas mais de 600 notas trazendo as
fontes médicas e científicas nas quais se encontram “provas” de que o leite não
é coisa boa para a saúde humana, especialmente dos bebês e crianças. E não falo
aqui apenas dos que são intolerantes à lactose.
Os males
galactogênicos estão fartamente relatados na literatura médica. A prova de que
são galactogênicos está no fato de que ao abolirem o leite e derivados dele da
dieta, ainda que por um período de teste, os males simplesmente se amenizam ou
desaparecem completamente.
Ora, por
que precisamos de um atestado médico para nos certificar de que aquele certo
alimento nos dá azia, ou produz gases, ou tranca o intestino e assim por
diante? Sempre esperamos que os médicos nos avisem dos males do que comemos.
Esquecemos de que eles também podem sofrer da adicção aos opioides do leite? A
medicalização de tudo nos levou a esse estado deplorável, no qual não assumimos
mais nenhuma responsabilidade pelo que ingerimos! Corremos para o médico em
busca de uma pílula para nos livrarmos da azia estomacal, do inchaço e dos
gases que os laticínios produzem em nossos intestinos. Ora, sendo humanos, não
evoluímos para digerir a coisarada que está no leite bovino, incluindo
hormônios de crescimento bovino. Não somos bovinos! O excesso de proteína, o
excesso de cálcio, os antibióticos, o pus (OK, pasteurizado e homogeneizado!),
os nitratos, nitritos, e todos os pesticidas que estavam nos grãos que foram
dados para as vacas, tudo isso está no leite ingerido por humanos, em qualquer
idade.
Cadê as
provas que o Conselho de Nutrição também tem que apresentar para se arvorar em
autoridade suprema proibindo os brasileiros de serem orientados sobre um
alimento nocivo para a saúde humana? Sim! Nocivo! Ou alguém pensa que a
intoxicação por nitratos e nitritos, sofrida pelas 23 crianças há cinco dias,
aqui no sul, é uma fatalidade, uma exceção, que não toca em nada na natureza
maravilhosa do leite para a saúde humana? Nitratos são liberados sempre no
processo de homogeneização e pasteurização do leite. Todos ingerem nitratos,
ainda que em quantidade mínima. O problema é que a ingestão continuada de algo
nocivo, tão nocivo que pode matar, por décadas, acaba por comprometer a saúde
do galactômano.
Se é
preciso provar algo, para sabe-se lá, quem, as pessoas podem fazer isso de modo
bem simples. Eliminando por 10 dias “todos” os alimentos que contenham algum derivado
do leite. Comecem a anotar suas mazelas num caderninho, todo dia, antes das
refeições, durante as refeições, imediatamente após as refeições, e horas após
as refeições. Sejam bem detalhistas. Daí, abstenham-se por 10 dias de todos os
alimentos que contenham leite e laticínios. Voltem a anotar com a mesma técnica
e rigor, tudo o que se passa, não apenas no estômago e nos intestinos, mas
especialmente no cérebro.
Feita a
experiência, que só não pode ser “científica” porque não temos cientistas
capazes de nos ajudar a conduzi-la, e por isso cada um deve ser responsável em
seu caso pessoal, por essa experiência, cada pessoa deveria ter a felicidade de
encontrar em sua vida um nutricionista para ajudá-la a refazer sua dieta sem
incluir nada que tenha leite. Aposto que a maioria dos brasileiros teria muito
mais saúde, disposição, longevidade e alto astral, coisas que o leite não
parece promover. Apenas aqueles 10 a 15 % de persistentes na produção da
lactase sairiam indiferentes ou mesmo revoltados com a abolição do leite de sua
dieta. Os demais agradeceriam aos deuses o alívio sentido. Topam?
-LEITE, A VERDADE POR
TRÁS DO MITO
Dr. Phil Sônia T. Felipe
Filósofa, Vegana, Defensora dos Direitos Animais, Co-fundadora da Sociedade
Vegana no Brasil, Pesquisadora da Saúde pela Alimentação, Terapeuta Ayurvédica,
Criadora da Oficina e do Passaporte de Leites Veganos, reside em São José, SC.
Doutora em Teoria
Política e Filosofia Moral pela Univerdidade de Konstanz (Alemanha), dedica-se
desde 1990 ao estudo das concepções filosóficas defensoras dos animais e da
natureza.
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Poderia falar
resumidamente como começou a sua busca pela pesquisa sobre alimentação?
1) Crescemos ouvindo
dizer que leite bovino faz bem para os ossos e dentes, que é uma grande fonte
de cálcio e proteínas, é visto culturalmente como um alimento saudável. Qual é
a sua opinião?
Sônia T. Felipe – O
leite bovino é um alimento que contém cálcio muito bom para os ossos e dentes
bovinos. Ele realmente contém bastante cálcio. Mais cálcio do que o organismo
humano consegue aproveitar. Quatro vezes mais cálcio do que o leite da mulher.
Portanto, cálcio demais. Quando há muito cálcio e quase nada de magnésio, ou
muito cálcio e outro tanto ou mais de fósforo, todo esse cálcio em vez de ser
benéfico passa a ser prejudicial para os tecidos do corpo humano. O único leite
que contém a quantidade exata do cálcio necessário para o desenvolvimento dos
ossos e dentes humanos é o leite da própria mãe. Isso vale para todas as
espécies. Ele vem na composição exata para nutrir especificamente o bebê que o corpo
dela gestou. Também é fato que o leite bovino contém proteína. Muita proteína.
Muito mais proteína do que é necessário para alimentar um recém-nascido humano.
Quatro vezes mais do que o leite da mulher. Uma quantidade de proteína
desnecessária. Com os dentes formados, o organismo mamífero avisa que está
pronto para começar a alimentar-se de matérias sólidas, não mais necessitando
do leite como provimento dos nutrientes. Perdemos essa sabedoria. Achamos que a
nossa natureza é atrofiada, porque, ao contrário dos outros mamíferos, para nos
formarmos fortes e saudáveis, precisaríamos do leite de outras fêmeas. Isso é
mito. Os bebês intolerantes ao leite estão aí mostrando que humanos podem
crescer fortes, saudáveis e intelectualmente bem, sem ingerir qualquer produto
laticínio.
2) O que o leite causa
no organismo?
Sônia T. Felipe – Todos
os males gerados pelo excesso de proteína, excesso de cálcio, lactose não
digerida, hormônios de crescimento estranhos, antibióticos causadores de
resistência aos patógenos. Para citar apenas alguns, porque a lista é grande:
acidose, alergias, acidentes vasculares, adicção aos opioides, anemia
ferropriva, artrite, aterosclerose, cânceres, cataratas, doença de Crohn,
desnutrição, diabetes Tipo 1, irritação intestinal, cólicas, gases, diarreias,
estenose, muco nas trompas (infertilidade feminina), osteoporose, síndrome da
morte súbita em bebês, litíase renal e biliar. Esses males estão associados ao
consumo de leite e laticínios, segundo a literatura médica especializada.
3) E os derivados do
leite são melhores? Por ter menos lactose?
Sônia T. Felipe –
Infelizmente, não. Quando se fala dos malefícios do leite bovino, fala-se
apenas da lactose. O leite bovino contém proteínas tão ou mais maléficas para o
organismo humano, quanto o é o açúcar (lactose). A caseína, no sistema
digestório humano, forma o peptídeo casomorfina. Esse peptídeo tem uma
constituição pegajosa, que chega a impedir estudos mais detalhados em
laboratório, porque cola nos tubos de ensaio. Bem, não digerimos direito os
peptídeos. Quando a mucosa do intestino delgado está fragilizada, esses
peptídeos passam para a corrente sanguínea e fazem seu passeio pegajoso por
vasos e artérias, chegando ao cérebro onde se ligam aos receptores dos opioides
naturais dele. Os danos podem aparecer nas artérias como placas
ateroscleróticas, nos intestinos como borbulha pela incapacidade de digestão, e
no cérebro estão associados ao agravamento dos sintomas da esquizofrenia, do
autismo, da depressão, dos transtornos de humor. Portanto, não é apenas a
lactose que causa danos à saúde humana. A caseína também. Segundo estudos de
Colin T. Campbell, a caseína responde, no organismo humano, pela alimentação
das células embrionárias de tumores cancerígenos.
4) Qual leite animal é
melhor?
Sônia T. Felipe – O da
própria mãe. Nenhum outro leite é “melhor” para o organismo de um ser humano.
Quando a mãe para de dar leite, é hora de começar a se alimentar com as
matérias existentes no ambiente onde se vai crescer e alimentar-se para o resto
da vida. Não precisamos mais do leite depois de formada a arcada dentária.
Precisamos dos nutrientes que estavam antes ali, no leite materno: açúcar,
gordura, proteínas, cálcio, vitaminas, ácidos graxos essenciais. Mas a única
composição disso tudo perfeita para o bebê humano, é a do leite que se forma no
organismo de quem o gestou e pariu. Os nutrientes antes absorvidos com o leite
materno estão disponíveis nos demais alimentos de origem vegetal.
5) Como podemos
substituir o leite bovino? Leite de soja, por exemplo?
Sônia T. Felipe –
Podemos substituir o leite bovino por leites feitos a partir de matérias
vegetais: oleaginosas e leguminosas (coco, castanhas, nozes, amêndoas, amendoim
etc.), cereais (arroz integral, aveia, quinoa, milho verde), sementes (de gergelim,
de linhaça, de girassol, de abóbora). Muitos desses são riquíssimos em cálcio,
além de conter proteínas biodisponíveis, quer dizer, proteínas apropriadas para
serem absorvidas e metabolizadas pelo organismo humano, ao contrário da
caseína, por exemplo, uma das proteínas do leite da vaca que nosso organismo
não tem como aproveitar. Não precisamos usar o leite de soja. E, dado que ela é
cultivada com venenos elaborados com o glifosato, não devemos consumi-la, nem a
qualquer derivado dela, a menos que seja cultivada de forma orgânica.
6) Quem não consome
leite e derivados não tem carência de cálcio?
Sônia T. Felipe – Quem
não consome folhas verde-escuro, nem couves, nem feijões, nem lentilhas, nem
arroz integral, nem brócolis, nem grão-de-bico, nem oleaginosas, nem aveia, nem
gergelim, pode ter deficiência de cálcio. Fomos cegados pelo mito de que apenas
o leite de vaca contém cálcio. A vantagem em consumirmos o cálcio através dos
legumes e verduras é que muitos deles contêm também o magnésio, sem o qual não
adianta consumir quantidades imensas de cálcio. Os fatores determinantes na
qualidade dos ossos, segundo estudos mais recentes, não são determinados pela
ingestão de grande quantidade de cálcio (leite e laticínios), mas pela não
ingestão dos antagonistas do cálcio, alimentos acidificantes (leite, queijos,
café, sódio, açúcar, farinhas refinadas, chocolates, álcool, cigarro, drogas,
proteína animal, refrigerantes, gorduras trans, para citar apenas os mais
consumidos). Importante para a adequada absorção do cálcio é a presença da
vitamina K, da vitamina D (produzida pelo sol), e exercícios.
7) Quando o bebê desmama
normalmente é indicado fórmulas lácteas industrializadas ou quando é uma
criança pequena ela cresce tomando leite longa vida, qual o melhor leite para
as crianças e bebês?
Sônia T. Felipe – As
fórmulas pré-prontas são responsáveis pelo diabetes infantil, além de conterem
nitratos, por conta do processo de homogeneização e de transformação do leite
líquido em leite em pó. Isso tudo não existe na natureza. Estamos forçando o
sistema digestório dos bebês a digerirem algo que não existe na lista de
alimentos apropriados à espécie Homo sapiens. Segundo autores
especializados em laticínios, na Nova Zelândia se sabe do malefício desses
preparados para a saúde dos bebês, mas a notícia não sai nos meios de
comunicação para o resto do mundo, porque aquele país é o maior exportador do
leite usado para o preparo dessas fórmulas lácteas. O leite longa vida não
contém mais nada que se assemelhe à vida. Ele é tão sintético quanto um
refrigerante. Estamos dando uma bebida sintetizada para os bebês humanos. Sem
enzimas. E os nutrientes sem enzimas, segundo Edward Howell, são matéria morta.
Quanto mais alta a temperatura usada na pasteurização, e esse é o caso do leite
UHT, menos vida ele contém. Se é preciso dar aos pequenos o cálcio, o açúcar e
a gordura que o organismo deles precisa, então podemos muito bem fazer o que
nossas mães (as da minha geração, pelo menos e as de antes da minha) fizeram:
davam comidinhas feitas com as mesmas matérias ingeridas pelos adultos. Parou
de mamar o leite que sai do corpo da mamãe? Ótimo! Acabou de avisar à mamãe que
seu corpo já não depende mais de leite para continuar a se desenvolver. É hora
justamente de abolir qualquer leite animal da dieta. É hora de começar a dar
aveia, arroz, frutas, leites veganos, sopas de verduras e legumes, cenoura, e
tudo o mais que o resto da família come, se é que o resto da família não come
também apenas comidas empacotadas ou enlatadas.
REFERÊNCIAS:
FELIPE, Sônia T. Galactolatria: mau deleite. São
José: Edição da autora, 2012, 304 p.
FELIPE, Sônia T. Passaporte para o Mundo dos Leites
Veganos: receitas. São José: Edição da autora, 2012, 32 p.
Os dois livros estarão disponíveis para o final de outubro. O
endereço para quem quiser adquiri-los será:galactolatria@gmail.com
Nutri Educadora
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