NÓS, HOMENS, SOMOS TODOS IGUAIS
Por Renato Kress
Uma
reinterpretação da visão feminista generalizadora e altamente sensata
Psicoclones
condicionados. Somos todos o mesmo. O uno. Todos somos. Mímicos da pantomima
cotidiana, somos todos. Restritos aos mesmos resultados, sempre. Sob a mesma
ótica, sob o mesmo teto ideológico. O cálculo de Descartes estava errado, o
demônio existe, e ludibria melhor dando a chance de pensarmos sua existência,
como os males da caixa de Pandora, que nos fazem aceitar sua existência dando
luz à esperança, mesmo porque o universo é curvo e nossos cálculos, lineares,
já diria Einstein. O inferno são os outros como diria Sartre, porque nós… ah,
nós! NÓS SOMOS TODOS IGUAIS.
Atados
aos mesmos desejos, de luxúria e selvageria. No fundo só queremos sexo. Padre.
Mergulhados no mesmo fosso de ganância, velhacaria e avareza. Na realidade só
queremos dinheiro. Gandhi.
Diria que
eu, pessoalmente, fico impressionado com como as mulheres alcançam com tamanha
facilidade o Nirvana. Mas estaria errado, porque só elas sabem, que a
pessoalidade, a individualidade, é uma ilusão, no fundo somos todos iguais.
Então não fico impressionado. Nós homens, todos, ficamos impressionados! Porque
somos iguais, todos.
Desejosos
de um mundo melhor, em busca da elevação de cada alma. Na verdade queremos
fazer do mundo um lugar para todos. Hitler. Amando com todas as nossas forças a
raça humana e lutando pela absolvição de seus pecados. Na realidade somos um em
busca do amor incondicional. Bush.
Não há
tempo, nem espaço, nem culturas diversas porque todas essas dimensões perdem
completamente o sentido já que não há indivíduo. Quem diria! Auguste Comte
estava certo, pelo menos parcialmente, somos todos a mesma coisa. Mas ele
também é uma ilusão. E não conseguiu ascender ao ponto de perceber que não há
evolução simplesmente porque não há tempo. Somos todos um, como o comercial da
AXE, ou o Agente Smith do Matrix2. No fundo sempre estivemos no presente. A
história, como todos os livros e todas as fotos, são uma farsa. Ilusão de
grandeza, ou desejo de pequeneza, da humanidade. Que na realidade divide-se em
duas grandes castas: o universo feminino e o universo masculino. Yin e Yang. Ou
será que as mulheres sim, podem ser diferentes?
Mas é
claro, faz todo o sentido! A alteridade pertence ao universo feminino. Talvez
com tanta intensidade que elas procurem uma fuga se igualando pela moda. Mas
encaremos a realidade: só elas podem ser diferentes. São seres agraciados,
divinos, unos em si mesmos e não nos outros. A mitologia grega prova isso. Os
deuses, homens, eram todos iguais. Lascivos, vergonhosamente eróticos,
pútridos, uns brutos. Tinham mil mulheres cada um. Porque eram os mesmos. Como
Hades.
Já as
mulheres não. A essas foi destinada toda a individualidade. Vejam: Gaia, Réia,
Deméter. Completamente individuais. Inconfundiveis. Lúcifer, quando trouxe o
livre arbítrio em forma de luz para a humanidade, foi só para as mulheres.
Creio que Lúcifer deve ser mulher, porque acessando daqui – como todos nós
homens somos capazes de fazer – a alma de todos os outros, não nos lembramos de
termos dado essa dádiva a elas. Mesmo porque nós não a temos. Somos um. Estamos
limitados a reincidir nos mesmos pontos pela eternidade. A escolha não faz
parte de nossos universos.
Todos
somos um. Talvez um pouco mentirosos e irônicos quando nos damos ao trabalho de
escrever um texto contra o maniqueísmo imbecil. Mas sem dúvida alguma, somos
todos iguais.
Texto publicado
em 12/07/2003 na(s) seção(ões) Comportamento, da revista eletrônica www.consciencia.net.
*Renato
Kress é sociólogo formado pela PUC do Rio de Janeiro, brasileiro, poeta,
escritor e nasceu no Rio de Janeiro no ano 1982. Concluiu seus estudos
secundários no Colégio Cruzeiro – Deutsche Schule. Lançou em 2000, aos 18 anos,
o livro Consciência, sobre impactos do neoliberalismo nos países de
terceiro mundo, livro este que começara a escrever dois anos antes. É co-fundador
e co-editor da revista eletrônica www.consciencia.net,
e membro do I-Latina.org (www.i-latina.org), e é pesquisador de mitologias.
Fonte: http://www.debatesculturais.com.br/nos-homens-somos-todos-iguais/
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