BATALHA DO ARMAGEDOM A GRANDE REVOLUÇÃO
João-Francisco Rogowski*
Há muitos anos que deixei de acreditar em revoluções no sentido convencional como meio eficaz para transformações da sociedade. Desde então tenho entendido que a humanidade jamais atingirá suas metas pela força do braço armado e sim pelas transformações interiores em cada ser humano.
Há muitos anos que deixei de acreditar em revoluções no sentido convencional como meio eficaz para transformações da sociedade. Desde então tenho entendido que a humanidade jamais atingirá suas metas pela força do braço armado e sim pelas transformações interiores em cada ser humano.
Concordo com Agostinho da
Silva, professor da Universidade de Lisboa quando disse:
“A revolução não virá de
movimentos de massas e de associações organizadas e conferências internacionais
e de discussões teológicas ou filosóficas. Tal idéia é totalmente absurda. A
Revolução virá, bem pelo contrário, do interior de cada um de nós. Antes de
pensarmos em irmos para a rua, segurando cartazes e clamando gritos de ordem,
devemos olhar para dentro de nós e refletir sobre o que podemos mudar acerca
das nossas atitudes, o que devemos aprender por forma a sermos cidadãos mais
atuantes e a contribuirmos de forma mais ativa para o necessário despertar da
Sociedade Civil.”
Não podemos ser radicais a
ponto de não permitir nenhum ativismo mais contundente em momentos excepcionais
como ocorreu na cognominada “Primavera Árabe”, episódios de força isoladamente
às vezes são necessários, embora, sempre lamentáveis. Mas o nosso foco deve ser
os valores do Cristianismo da Paz e da não-violência
O Príncipe da Paz X o deus da
guerra
Desde o primeiro século até
hoje os cristãos atribuem diferentes designações a Jesus Cristo: “Rei”,
“Senhor”, “Salvador”, etc., mas a meu sentir a mais linda é “Príncipe da Paz”.
Jesus disse: “Deixo com vocês a paz. É a minha paz que eu lhes dou; não lhes
dou a paz como o mundo a dá. Não fiquem aflitos, nem tenham medo.” (João
14:27)
Hodiernamente vemos bem
delineado o confronto entre duas tendências mundiais que eu classifico como luz
e trevas. De um lado o crescimento galopante da indústria bélica mundial (deus
da guerra) decorrente da corrida armamentista de países árabes e dos países
ocidentais em face ao terrorismo, e, de outro lado, em sentido diametralmente
oposto, constata-se a expansão do Cristianismo e a não-violência, na Ásia (Índia,
China, Vietnã e Coréia do Norte) e mais recentemente e intensamente entre os
povos mulçumanos, embora o preço esteja sendo elevado, Cristãos, até mulheres e
crianças, estão sendo assassinados com requintes de crueldade por
fundamentalistas islâmicos.
A filosofia da não-violência
emergiu do Cristianismo e está sendo amplamente utilizada em movimentos pelo
trabalho, pela paz, pelo meio ambiente e pelos direitos das mulheres. No
entanto, outra maneira de utilizar a tática de não-violência é com o intuito de
direcionar a opinião pública (principalmente a internacional) contra regimes
políticos extremamente repressivos, expondo ao mundo os excessos cometidos
contra manifestações de cunho pacífico.
Jesus Cristo foi o arquiteto
da doutrina da não-violência e depois dele outros grandes homens têm propagado
esse ensinamento. Na história recente o seu mais ardoroso pregador foi Lev
Nikoláievich Tolstói, também conhecido como Léon Tolstói, um dos grandes da
literatura russa do século XIX, juntamente com Fiódor Dostoiévski, Gorki e
Tchecov, em seu livro "O Reino de Deus está em vós", Tolstói
idealiza uma sociedade baseada na compaixão e em princípios Cristãos, entre os
quais, a não-violência.
Penso ser interessante narrar
brevemente um pouco da vida de Tolstói e sua conversão ao cristianismo.
Embora extremamente
bem-sucedido como escritor e famoso mundialmente, Tolstói atormentava-se com
questões sobre o sentido da vida e, após desistir de encontrar respostas na
filosofia, na teologia e na ciência, deixou-se guiar pelo exemplo da vida
simples dos camponeses russos, a qual ele considerou ideal. A partir daí, teve
início o período que ele chamou de sua "conversão".
Seguindo ao pé da letra a sua
interpretação dos ensinamentos cristãos, Tolstói encontrou o que procurava,
cristalizando-se então os princípios que norteariam sua vida a partir daquele
momento, recusando a autoridade dos governos humanos e de qualquer igreja
formal, objetivando resgatar os valores da Igreja Primitiva do primeiro século
d.C. Criticou também o sistema judicial vigente e o direito à propriedade
privada, criticou a sociedade e o intelectualismo estéril e pregou o conceito
Cristão de não-violência.
Após sua conversão, Tolstói
deixou de beber e fumar, tornou-se vegetariano e passou a vestir-se como
camponês.
A obra desse escritor russo
influenciou Gandhi, um de seus mais importantes admiradores, nesta época ainda
na África do Sul, na luta pela independência da Índia e Martin Luther King nos
Estados Unidos da América na luta pela emancipação de pobres, negros e
mulheres.
Qualquer projeto de
transformação da humanidade que prescinda de Deus está fadado ao fracasso,
nenhuma transformação autêntica e duradoura para a humanidade advirá sem que
haja profunda transformação interior nos habitantes do planeta, na maneira de
pensar e agir e o Criador de todas as coisas deve estar no centro de tudo.
Sem Deus, o homem não sabe
para onde ir e não consegue sequer compreender quem é. Perante os enormes
problemas do desenvolvimento dos povos que quase nos levam ao desânimo e à
rendição, vem em nosso auxílio a palavra do Senhor Jesus Cristo que nos torna
cientes deste dado fundamental: « Sem Mim, nada podeis fazer » (Jo 15, 5), e
encoraja: « Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo » (Mt 28, 20).
Diante da vastidão do trabalho a realizar, somos apoiados pela fé na presença
de Deus junto daqueles que se unem no seu nome e trabalham pela justiça. « Se o
Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não
guardar a cidade, em vão vigia a sentinela » (Salmo 127:1).
O Professor e Conferencista
Gary Fisher[1] afirma
que sem o arrependimento dos pecados acompanhado de uma transformação radical
no estilo de vida, não haverá conversão autêntica:
“O arrependimento, que é
essencial à verdadeira conversão (Atos 2:38; 17:30), envolve morte ao pecado
(Romanos 6). A Bíblia o compara à morte e ressurreição de Cristo. Tem que haver
uma mudança de estilo de vida radical. A Bíblia usa termos como matar o velho
homem e revestir-se com o novo, e descreve com minúcias as mudanças exatas que
precisam ser feitas (examine Efésios 4:17-32; Colossenses 3). Maus hábitos —
embriaguez, imoralidade sexual, ira, ganância, orgulho, etc. — precisam ser eliminados
da própria vida, ao passo que devem ser acrescentados o amor, a verdade, a
pureza, o perdão e a humildade. Este é o resultado do arrependimento.
Muitas pessoas tentam ser
convertidas e converter outras, sem arrependimento. Elas ensinam um cristianismo
indolor, que não exige sacrifício. Elas salientam as emoções, a felicidade e as
bênçãos, porém pensam pouco sobre as mudanças reais que a conversão exige na
vida diária da pessoa. Entendamos isto claramente: Não há conversão sem
transformação. Aquele que creu e foi batizado, aquele que até mesmo foi aceito
numa igreja e participa fielmente das atividades religiosas, mas que não se
arrependeu, não é salvo. O arrependimento é um compromisso sério, determinado,
para mudar sua própria vida.”
A batalha do Armagedom aparece
citada duas vezes no livro de Apocalipse (Revelação), o último livro da Bíblia,
mas ultimamente o nome Armagedom tem sido mais associado a uma catástrofe
mundial ou a uma guerra nuclear.
Neste livro da Bíblia,
conta-se que antes da batalha final, os exércitos se reunirão na planície
abaixo de "Har Meggido" (a colina de Meggido). Em seguida Deus
destruirá a iniqüidade e preparará o caminho para um tempo de paz e justiça
(Apocalipse 16:14,16; Salmo 92:7).
Uma vez que o livro é escrito
em linguagem simbólica, profética, dá margem a inúmeras interpretações pelos
diversos segmentos cristãos.
Muitos entendem que a batalha
do Armagedom não é uma alegoria literária ou um mito, que será um evento real e
de proporções trágicas, um confronto de forças militares reais no Oriente Médio
com utilização de armas devastadoras.
Embora se saiba que a ameaça
de bombas atômicas continua sendo uma espada sobre nossas cabeças, que o Estado
de Israel teria entre 80 e 200 ogivas nucleares, segundo avaliam analistas
internacionais, e, que o Irã já lançou satélite espião ao espaço, que dispõe de
mísseis de longo alcance e possivelmente já teria a sua bomba atômica ou
estaria na iminência de obtê-la, eu ainda prefiro não acreditar na hipótese de
uma hecatombe nuclear, prefiro focar meu olhar na Misericórdia e na Graça de
Deus e não nas circunstâncias, por isso, me inclino a crer que a batalha do
Armagedom simboliza a luta entre a luz e as trevas, o confronto do Príncipe da
Paz contra o deus da guerra, o deus deste mundo tenebroso e cujo teatro de
guerra (área de confronto) tem início no interior do homem, expandindo-se para
o exterior a começar pela Igreja, sociedade, política, quando os governos
humanos corruptos serão substituídos pelo Reino de Deus na terra (Apocalipse
11:15).
Talvez a implantação do Reino
de Deus já tenha começado, pois, no quadro político mundial o impensável está
acontecendo, ditadores corruptos caem como moscas nos principais países árabes
do Norte da África e no Oriente Médio.
A crise da dívida dos
Estados Unidos e da Europa desestabilizou os sistemas políticos europeus e
americanos, seis primeiros-ministros europeus caíram em curto período de tempo.
No Brasil em menos de um ano
vários Ministros de Estado caíram sob suspeita de corrupção.
Esse vento impetuoso que está
varrendo a sujeira do mundo em breve chegará à América do Sul e a outros
continentes, muitas cabeças ainda vão rolar.
Mas o que é o Reino de Deus?
Entre os teólogos cristãos
existem conceitos divergentes, mas não incompatíveis quanto ao que é
concretamente o Reino de Deus, que podem ser sintetizado em dois pontos:
· um
governo real e/ou universal de Deus estabelecido no Céu e também na Terra
completamente renovada no fim dos tempos, no dia do Juízo final e com
existência eterna;
· uma
condição interior de dimensão pessoal, de caráter espiritual, moral, mental e
psíquico/psicológico, existente em todos aqueles que estão na graça de Deus e
que seguem verdadeiramente a vontade de Deus e os ensinamentos e exemplo de
Jesus Cristo;
Pessoalmente entendo que o
Reino de Deus tem simultaneamente uma dimensão pessoal, de caráter espiritual e
moral, em cada homem; e uma dimensão universal que se manifestará no fim dos
tempos, no dia do Juízo Final, quando tudo se consumará e estabelecerá uma nova
Terra e um novo Céu, onde os justos vivem em Deus, com Deus e junto de Deus.
Os valores principais do Reino
de Deus são a verdade, a justiça, a paz, a fraternidade, o perdão, a liberdade,
a alegria e a dignidade da pessoa humana.
Portanto, cabe ao homem
trabalhar pela implantação do reino de Deus na sua dimensão pessoal, espiritual
e moral, através de uma radical mudança de vida e de valores morais, extirpando
seus maus hábitos e buscando o desenvolvimento do reto pensar e o agir
edificante e frutífero para si e para a sociedade.
[1] Estudos da Bíblia, C. P. 60804, São Paulo, SP,
05786-970 - www.estudosdabiblia.net
FONTES DE PESQUISA:
Universidade de Lisboa;
Enciclopédia Wikipédia;
Bíblia Online;
Blog spedeus;
lionofjudahministry.org;
Estudosdabiblia.net;
movv.org;
Movimento Internacional
Lusófono.
(*) Jurista, escritor, pesquisador.
(**) Autor membro do portal CEN, sociedade literária para
difusão da cultura lusófona, com sede em Lisboa.
Contato: rogowski@sapo.pt
Twitter: @dr_rogowski
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