A COR DAS PALAVRAS

                                                                                                                 Newton Luiz Finato

Ouvi alguém dizer: “eu sempre me perguntei por que algo estranho acontece comigo desde a minha infância. Quando eu penso, ou falo, as palavras passam por minha mente com cores. Como uma fita multicolorida. Cada palavra tem uma cor, cada nome, ou qualquer pessoa.
É lindo sentir-me assim. Alguns anos atrás, um amigo psicólogo, quis me submeter a um teste para ver se era verdade ou não o que eu dizia. Provou ser realidade e foi incapaz de dar uma explicação.
Lendo este artigo, estou de volta a pensar sobre o que acontece comigo, o que para mim é tão normal que não dou importância.
Talvez eu seja feliz por ser capaz de ver as coisas com minhas próprias cores, e criar o meu mundo pessoal.”

Não pude deixar de refletir que quando pensamos invocamos imagens gravadas em nosso cérebro a partir da experiência (sensorial). Pela vida afora vamos armazenando impressões. Quando expressamos esses pensamentos em um falar ou fazer a forma lingüística adquire em cada palavra uma cor própria.  Não no damos conta, mas as palavras, pela necessidade que temos de expressar o que foi captado pelos sentidos e compõem a nossa experiência, têm cor. Pensamos em imagens coloridas a natureza, as emoções e os sentimentos e comunicamos pela palavra e pela ação essas cores.  Há pessoas que nos transmitem um mundo com as cores do arco-íris.  Pensando, falando e agindo construímos nosso mundo. Sejamos pródigos nas cores.

WITTGEINSTEIN – SOBRE A LINGUAGEM

Do filme de Derej jarmam

Um cachorro não pode mentir, nem pode ser sincero.
Um cão pode esperar o seu dono?
Por que não pode esperar que venha a quarta-feira?
Será que é porque eles não têm linguagem?
Se um leão pudesse falar, não entendiríamos o que diria ... Por que digo isso?


(- Se nós entendessemos a ele, não creio que teríamos problema em entender um leão.)
(- Nós poderíamos encontrar um intérprete).

Para mim, ou para o leão?
Sim, poderíamos buscar um intérprete.
Mas de que nos serviria?
Imaginemos uma linguagem. É como imaginar uma forma de vida.
É o que fazemos e quem somos, o que dá sentido às nossas palavras.
Não entendo a linguagem do leão, porque não sei como é o seu mundo.
Como posso conhecer o mundo que habita um  leão?
Por acaso não o entendo porque não posso entrar em sua mente?
Este abacaxi é muito bom.
O que há por tras das minhas palavras quando digo: “este abacaxi é muito bom?
Tem o nosso tempo.
O pensamento.
Eu entendo.
Escuta-me.
Vemos o significado do que dizemos como uma excentricidade, misterioso, escondido.
Mas não há nada escondido. Está tudo à vista.
São os filósofos, que confundem tudo.

- Prof Wittgeinstein.
(Aluno dá um tapa no rosto)
--Você conhece essa dor?  Só eu a conheço.

Tem certeza que você a conhece?

--Como iria duvidar?

Se não podemos falar em duvida, não podemos falar de conhecimento.

- Não consigo acompanhá-lo.


Não tem sentido dizer que sabes algo coisa se esse algo é indubitável.
Dizer "eu sinto dor" não tem nenhum sentido.
Quando quiseres saber o significado de uma palavra não olha para dentro de ti, observo o uso dessa palavra em nossas vidas.
Veja como nos comportamos.

(Outro professor)
--Você está dizendo que não há problemas filosóficos?

Há ... problemas de linguagem, matemática, ética, logística e religioso ....
Mas não há problemas filosóficos genuínos.
--Estás banalizando a filosofia?

A filosofia é uma conseqüência de compreender mal a língua.
Como não percebem?


"O que designam os nomes na línguagem tem de ser indestrutível: pois se temos de descobrir o estado das coisas nele, tem que ser indestrutível. Esta descrição será feita por palavras e o que a elas corresponde tem que ser indestrutível, do contrário as palavras não teriam sentido ”Não devo cortar o galho sobre o qual estou sentado". "L, W, Investigações Filosóficas, 55.

Esse é o mistério. A linguagem não é uma imagem, em absoluto.
Então, o que é?
É uma ferramenta, um instrumento.


Não há nela nenhuma única imagem da mente.


Mas muitos jogos de linguagem diferentes, diferentes formas de vida, de fazer coisas com as palavras.


Não estão todas as palavras no mesmo saco.

- O que quer dizer?

Que os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo.
Não paramos de nos bater contra as paredes de nossa jaula.
"Qual é o seu objetivo em filosofia? Mostrar à mosca a saída da garrafa mata-moscas. "(PU309)
"O solipsista está condenado dar voltas dentro da garrafa batendo nas suas paredes." (LW Classe Notas de 1934-1936)
"O solipsista dá voltas e voltas na garrafa mata-moscas chocando-se contra suas paredes, Como fazê-lo parar?  L.W. Notas para Palestra sobre "Experiência e privado" e "Dados Sense", 236.
- Você disse uma vez que o Tratactus resolvia todos os problemas filosóficos.

Sim ... eu pensei assim então. Eu tentei mostrar todas aquelas coisas que a filosofia poderia dizer, mas as coisas não são importantes.
O importante é alguma coisa que não se consegue articular.
A filosifia não está a altura.


- Pensas assim.

Sim. Eu pensei assim. E eu ainda acredito, mas por razões diferentes.

-- Você se refere a seu trabalho recente, As Investigações Filosóficas, é isso?

 Sim, é isso. Nele abandonei a idéia que a linguagem é uma imagem.

É uma metáfora enganosa.
Poder-se-ia dizer que a palavra “bolso” é a imagem de um bolso?

E palavras como "Olá", "talvez" ou "maldita"?
Que imagem nos dão?

- Então, como definir a relação entre linguagem e mundo?

De mil maneiras diferentes. Meu erro foi pensar que só havia uma maneira de falar.
Logo vi que com a linguagem se faz coisas diferentes.
Diferentes "jogos de linguagem", o significado da palavra é o modo de como se usa num jogo de linguagem em concreto.

- E agora, qual é a tarefa da filosofia?

Os quebra-cabeças filosóficos surgem quando se misturam jogos de linguagem diferentes.
Pessoas quebram cabeça sobre a natureza da alma, mas eu acho que isso é porque pensam sobre ela como se fosse um objeto físico.

--A tarefa da filosofia é ordenar os jogos de linguagem?

Já estão classificados.
A filosofia não pode questioná-los. A filosofia deixa tudo exatamente igual.
-- Prof Wittgeinstein, está associada com o argumiento que, não pode haver linguagem privada.  Pode explicar-nos?

Aprendemos a usar as palavras, porque pertencemos a uma cultura.
Um modo de vida. Uma maneira prática de fazer as coisas.
Em suma, falamos como falamos pelo que fazemos. É uma questão coletiva.
Filósofos como Descartes partem de um eu solitário, fixados em suas sensações.
Quero inverter esse modelo de muitos séculos.
Quero partir de nossa cultura de nossa vida prática compartilhada, observar o que pensamos e sentimos e dizê-lo em temos populares

 - Obrigado, professor ..

(Para o filósofo Ludwig Wittgeinstein, a solução do enigma da vida no espaço e no tempo está fora do espaço e do tempo),

Mas, como você e eu sabemos, não há enigmas.


Se podemos formular uma pergunta, também podemos restondê-la.

Do que não se pode falar o melhor é calar-se.. Tratactus Logico-Philosophicus-.


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