ONU DIZ QUE SOMÁLIA É O PIOR DESASTRE HUMANITÁRIO DO MUNDO.
REUTERS
Por
Katy Migiro
NAIRÓBI
(Reuters) - Refugiados somalis que buscam abrigo no Quênia para escapar da seca
e da fome extremas são os mais pobres entre os pobres e as pessoas mais
vulneráveis do mundo, disse o chefe da agência de refugiados da ONU.
Cada
vez mais crianças pequenas desnutridas estão morrendo depois de passar semanas
caminhando em busca de ajuda humanitária naquele que já se tornou 'o pior
desastre humanitário do mundo', disse António Guterres, chefe do ACNUR.
'Fugimos
para não morrer de fome', disse Ulmay Abdow Issack, 32, que passou três semanas
caminhando até a fronteira com seus seis filhos pequenos e marido doente. 'Não
tivemos nada para comer ou beber no caminho.'
Para
Muslima Adan Hassan, 35, o trajeto foi ainda mais árduo. Dois filhos e uma
filha dela morreram ao longo dos 35 dias que passaram a caminho de Dadaab.
Desde
a fronteira, os refugiados ainda precisam atravessar 80 quilômetros do deserto
queniano para chegar ao campo de refugiados. Em muitos casos essa travessia é
feita a pé.
'Temos
casos de crianças que foram devoradas por leões e hienas', disse Abdullahi
Hussein Sheikh, um dos refugiados.
Em
junho, o número de recém-chegados ao campo de refugiados de Dadaab, no Quênia,
triplicou, chegando a 1.300 pessoas por dia. As agências humanitárias internacionais
não têm conseguido fornecer ajuda alimentar dentro da Somália devido à
insegurança e hostilidade do grupo rebelde islâmico Al Shabaab, que controla
boa parte do país.
'Já
visitei muitos campos de refugiados no mundo. Nunca vi pessoas chegando em condição
tão desesperadora', disse Guterres no domingo durante visita a Dadaab, o maior
campo de refugiados do mundo, situado a 80 quilômetros da fronteira entre
Quênia e Somália.
'Aqui,
nos arredores do campo de refugiados somalis de Dadaab, temos os mais miseráveis
entre os miseráveis, os mais vulneráveis entre os vulneráveis do mundo',
acrescentou.
Crianças
e suas mães estavam sentadas na areia, aguardando ajuda; suas únicas posses
eram preciosas latas para receber água. Alguns bebês choravam; outros, com seus
rostos recobertos de poeira branca, estavam tão exaustos que não se
movimentavam.
Em
Dagahaley, o setor norte do campo, as mortes de crianças de até 5 anos se
multiplicaram por seis em maio em comparação com o ano passado. Hoje entre 18 e
24 dos recém-chegados de até 5 anos de idade estão desnutridos.
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