PERFIL FALSO É USADO PARA MANIPULAR A REDE
INTERNETS
RONALDO LEMOS - ronaldolemos09@gmail.com
Falei na última semana de como empresas estão vendendo comentários na internet. Algumas cobram R$ 8.500 por 250 comentários positivos. O artigo teve repercussão, e um leitor propôs uma solução: basta verificar o perfil do autor de cada comentário para saber se é falso ou verdadeiro.
Só que o problema é muito maior. Existem redes organizadas de perfis falsos, que são administrados para parecerem verdadeiros. Os perfis têm e-mail, contas em redes sociais, postam conteúdo e interagem com outras pessoas. Só que são controlados por uma empresa.
E o mais perturbador: isso é feito por software, que simula o comportamento real de uma pessoa, automatizando todo o processo.
Parece ficção científica, mas a estratégia é usada como ferramenta de propaganda militar pelos EUA (veja matéria do "The Guardian": bit.ly/htRdn8). Os perfis são criados pelo governo, tendo como alvo a China e mais países do Oriente Médio.
Em momentos de crise, a ideia é usá-lo para criar falsos consensos, dando a impressão de que as pessoas estão apoiando ou rejeitando algum tema estratégico. A justificativa oficial é "combater discursos extremistas e propaganda inimiga".
Há também relatos de que lobistas se valem da mesma estratégia. Os casos incluem empresas de petróleo recorrendo a perfis falsos para questionar a validade de pesquisas sobre o aquecimento global, e empresas de cigarro usando a mesma estratégia para se opor ao aumento de restrições ao fumo.
Esse tipo de prática tem o potencial de destruir a internet como a conhecemos. É uma situação que lembra filmes de horror em que não se sabe mais quem é humano ou não, como "Invasores de Corpos" ou "O Enigma de Outro Mundo". Só que nesse caso, a realidade é mais assustadora do que a ficção.
RONALDO LEMOS - ronaldolemos09@gmail.com
Falei na última semana de como empresas estão vendendo comentários na internet. Algumas cobram R$ 8.500 por 250 comentários positivos. O artigo teve repercussão, e um leitor propôs uma solução: basta verificar o perfil do autor de cada comentário para saber se é falso ou verdadeiro.
Só que o problema é muito maior. Existem redes organizadas de perfis falsos, que são administrados para parecerem verdadeiros. Os perfis têm e-mail, contas em redes sociais, postam conteúdo e interagem com outras pessoas. Só que são controlados por uma empresa.
E o mais perturbador: isso é feito por software, que simula o comportamento real de uma pessoa, automatizando todo o processo.
Parece ficção científica, mas a estratégia é usada como ferramenta de propaganda militar pelos EUA (veja matéria do "The Guardian": bit.ly/htRdn8). Os perfis são criados pelo governo, tendo como alvo a China e mais países do Oriente Médio.
Em momentos de crise, a ideia é usá-lo para criar falsos consensos, dando a impressão de que as pessoas estão apoiando ou rejeitando algum tema estratégico. A justificativa oficial é "combater discursos extremistas e propaganda inimiga".
Há também relatos de que lobistas se valem da mesma estratégia. Os casos incluem empresas de petróleo recorrendo a perfis falsos para questionar a validade de pesquisas sobre o aquecimento global, e empresas de cigarro usando a mesma estratégia para se opor ao aumento de restrições ao fumo.
Esse tipo de prática tem o potencial de destruir a internet como a conhecemos. É uma situação que lembra filmes de horror em que não se sabe mais quem é humano ou não, como "Invasores de Corpos" ou "O Enigma de Outro Mundo". Só que nesse caso, a realidade é mais assustadora do que a ficção.
Ronaldo Lemos é
advogado. Mestre em direito pela Universidade Harvard (EUA) e doutor em direito
pela USP, é professor da Escola de Direito da FGV-RJ. Especialista em
tecnologia, é diretor do Creative Commons no Brasil. É autor, entre outras
obras, de "Direito, Tecnologia e Cultura".
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