APRENDA A OLHAR...

                    
                                                                                         Pe. Léo, SCJ

Imagine-se andando por uma calçada com os braços carregados de pacotes e alguém colide brutalmente com você, fazendo-o cair e esparramando seus mantimentos.
Quando você se levanta do meio de ovos quebrados, suco espalhado pelo chão, está pronto para gritar:“Idiota! O que há de errado com você? Está cego?”
Mas, bem antes que tome fôlego para falar, você percebe que a pessoa que colidiu com você é realmente cega. Ela também está estirada no meio dos mantimentos espalhados e não consegue se levantar, pois sua bengala está jogada no chão.
A raiva pelo tombo passa na mesma hora. Imediatamente seu coração é tomado por uma compaixão e pela demonstração de simpatia e caridade. Você logo se oferece para ajudar a pessoa a se levantar.

Com certeza, pede desculpas e se preocupa em saber se a pessoa se machucou, se precisa de cuidados.

Quando percebemos claramente que a fonte da desarmonia e da miséria no mundo é a ignorância a respeito da dor e do problema do outro, podemos abrir a porta do coração e permitir que a graça de Deus aconteça em nós e através de nós.

Uma das maiores causas – se não a maior – de nosso sofrimento é a maneira como enxergamos a vida e tudo aquilo que nos acontece.

Na verdade, não são

os acontecimentos que nos fazem sofrer. Sofremos pela maneira como olhamos para os acontecimentos.

Todo ponto de vista é a vista a partir de um ponto.

Quando privilegiamos um ponto negativo, passamos a enxergar tudo com as lentes da negatividade.

O pior não está nem tanto no olhar negativo, mas na concentração estragada, encardida do olhar.

Precisamos aprender a olhar a vida pela ótica de Deus. Para isso, necessitamos de alguns exercícios contínuos de aprendizado do olhar:

- Olhar a vida como dom e presente a ser cultivado; como graça que precisa ser

acolhida com responsabilidade e gratidão.

Olhar para si mesmo com paciência e generosidade. Às vezes é mais fácil ser generoso com os outros do que com a gente mesmo. Tem muita coisa que gostaríamos de mudar em nós que só depende de nós, mas que ainda não conseguimos. Paciência e perseverança.

- Olhar para os outros sem as armas que costumamos trazer escondidas no coração, pelo preconceito, pela inveja, pelo medo, pelo ciúme. Olhar para os outros como convite para a nossa própria melhora.

Olhar para as coisas dando-lhes o devido lugar. Nada nem ninguém que esteja fora do coração humano é capaz de preenchê-lo.
As coisas são instrumentais que nos ajudam, mas não podem ser absolutizadas.

- Olhar com caridade para aqueles que nos machucam –caridade suficiente para compreendermos que, como nós, são pessoas limitadas, fracas, falhas, sujeitas aos dissabores da vida.

Olhar com gratidão para as pessoas que nos amam, procurando corresponder a elas. Saber-se amado é gota fundamental de cura, em qualquer tempo, para
qualquer idade.

- Olhar com humor: o humor é fundamental para o equilíbrio humano. Ele nos dá a graça de tomarmos distancia de nós mesmos e dos acontecimentos. Ele nos permite colocar todas as coisas em perspectiva e tirar o tom dramático dos acontecimentos.

O humor ajuda a ver a vida com olhos

novos, com novos pontos de vista.

O humor realça as incertezas de nossa vida, mostrando-nos que ela não é previsível.

Viver é acolher cada dia,

como novo – completa e absolutamente novo.O humor nos ajuda a perceber

que as coisas são relativas.

Quem é muito sério acaba se achando muito importante e por isso não gosta do humor, que poe em risco a máscara, a couraça, a casca que reveste o balão do orgulho prepotente. O humor ajuda a desinchar o balão, pois quebra a casca.

“Aprenda a Olhar” (Pe. Léo, SCJ)

Do livro “Gotas de Cura Interior”

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