SE POSSO ESCOLHER, POSSO MUDAR
Nós estamos
sempre fazendo exatamente aquilo que queremos fazer. SEMPRE. Estejamos conscientes disso ou não.
A vida é muito diferente para aquele que já se percebeu autor, o grande
responsável, e não (mais) uma vítima dos acontecimentos, do meio externo, de si
mesmo. É esta, pois, a importância de se fazer escolhas conscientemente (inclusive, escolher
pensamentos ou como pensar)… Não para controlar os resultados, mas para ser verdadeiramente
livre. Quando se está sempre só reagindo ou agindo baseado em
impulsos ou condicionamentos, se está preso, escravizado por pensamentos e
emoções que pensa não poder controlar. Assim, se é controlado pela mente, não é
quem a controla. Entretanto, só é possível ser livre, só é possível mudar, evoluir,
com algum grau de controle sobre si mesmo. Tal controle requer alguma
consciência. Então, a maior e mais importante questão passa a ser: como crescer
em consciência? Assim nos
diz o Swami Dayananda Saraswati:
“Que é domínio
da mente? É controlar ou investigar a massa cinzenta, as células do cérebro?
Não. Aquilo que deve ser dominado não é o cérebro. O que deve ser dominado é a sua maneira de pensar. A mente é um
caleidoscópio colorido de pensamentos fantasiosos que vêm e vão. Nem constante
nem inquieta, sujeita a súbitos movimentos caprichosos, a mente é volúvel por
natureza. Mas eu, o pensador, não necessito preencher as fantasias, nem ceder
aos caprichos. Muitas são as fantasias e noções, isto é a mente. Mas eu sou a
autoridade aprovadora.
Mesmo em
termos relativos, a mente não é uma entidade definida, mas apenas uma coleção
mutante de pensamentos moldados pela minha forma de pensar. Em geral, estas
maneiras de pensar são de três tipos: impulsiva,
na qual pensamentos não examinados, nascidos do instinto, mantêm o poder; mecânica, na qual um
condicionamento prévio existente direciona a mente; e deliberada, onde o meu buddhi,
a função avaliadora da mente, conscientemente examina as minhas idéias,
aceitando-as ou descartando-as, de acordo com a minha estrutura de valores.
Existe um quarto
modo de pensar: espontâneo,
no qual os meus pensamentos, sem deliberação, concordam com os mais altos
valores universais. Este tipo de pensar espontâneo só se manifesta, em nível
absoluto, naquele que tem o autoconhecimento. Num nível relativo, o pensar
espontâneo reflete o grau em que os valores universais se tornaram valores
pessoais e assimilados. Em essência, o pensar espontâneo é o completo atmavinigraha (domínio sobre as minhas maneiras de
pensar, sobre a mente). Como preparação
para o autoconhecimento, no preocupamos com atmavinigraharelativo.
Atmavinigraha, domínio
sobre minhas maneiras de pensar, pode ser somente relativo, uma vez que o
completo controle requer conhecimento do Ser. Apenas este pode destruir por
completo o domínio de gostos e aversões que impulsionam e condicionam minha
maneira de pensar.
O que é
domínio relativo? O domínio completo é caracterizado por espontaneidade. Se sou impulsivo ou condicionado, não
sou um mestre. Se sou deliberado,
não sou um mestre completo. Mas,
através da deliberação, posso ser um mestre relativo. O domínio relativo é
caracterizado por vigilância e deliberação. Tenho um
domínio relativo sobre meus modos de pensar, quando racionalmente examino meus
pensamentos e os aceito de maneira consciente ou os descarto. O domínio
relativo significa tanto submeter todos os impulsos a um exame racional
rigoroso como também quebrar
qualquer hábito de cair no automatismo.
Tudo que
envolve atmavinigraha é atenção e vigilância. Se estou alerta e
consciente do que minha mente está fazendo, sempre terei escolha sobre a minha
maneira de pensar.Com escolha, posso mudar. Posso submeter o comportamento aos
valores. Com escolha, posso aprender com os erros. Com escolha, posso manter
compromissos frente a distrações. A escolha requer um estado
alerta, o que torna possível um domínio relativo sobre meus
modos de pensar.”
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