Amizade via internet revela nova forma de estar junto
Comunidades em redes sociais propiciam o surgimento de amizades virtuais
É senso comum dizer que o computador
não substitui a experiência real de relacionamento com outras pessoas. Mesmo
assim, é possível conhecer alguém e manter uma amizade virtual autêntica. “Há
uma mudança da concepção da amizade neste início de século 21. A amizade é um
relacionamento que se dá cada vez mais no âmbito do compartilhamento e troca de
ideias. O amigo não é necessariamente aquele que está ao lado, mas alguém com
quem o estar junto se dá por meio de uma conversa, da troca de opiniões,
experiências e concepções de pensamento”, afirma a psicóloga Lívia Godinho Nery
Gomes Azevedo, autora do estudoImplicações políticas das relações de
amizades mediadas pela internet, defendido em 2010 no Instituto de
Psicologia (IP) da USP.
Segundo ela, as amizades virtuais,
assim como as convencionais, favorecem o aumento da reflexão e da ação dos
sujeitos a partir do que o outro fala. “A autenticidade dos afetos nas relações
mediadas pela internet revela uma nova maneira de estar junto na qual os
sujeitos são mutuamente afetados pelas trocas simbólicas que se dão no registro
discursivo das conversas online. Os intercâmbios de experiências e opiniões
suscitam transformações subjetivas que modificam formas de pensamento e que
podem instaurar o aumento da potência de agir”, diz.
Etnografia virtual
A pesquisadora, que atualmente é professora na Universidade Federal de Sergipe (UFS), utilizou-se de uma metodologia chamada etnografia, que envolve ir a campo e conhecer as pessoas ambientadas nas relações ou situações a serem estudadas. “O método da pesquisa foi a etnografia virtual. Conheci e conversei com as pessoas pela internet”, conta. A divulgação do estudo também foi feita pela internet. “Enviei uma mensagem explicando a proposta do estudo para os meus contatos. As pessoas foram divulgando, inclusive para gente que eu não conhecia, e algumas entraram em contato, disponibilizando-se a fazer parte da pesquisa”.
A pesquisadora, que atualmente é professora na Universidade Federal de Sergipe (UFS), utilizou-se de uma metodologia chamada etnografia, que envolve ir a campo e conhecer as pessoas ambientadas nas relações ou situações a serem estudadas. “O método da pesquisa foi a etnografia virtual. Conheci e conversei com as pessoas pela internet”, conta. A divulgação do estudo também foi feita pela internet. “Enviei uma mensagem explicando a proposta do estudo para os meus contatos. As pessoas foram divulgando, inclusive para gente que eu não conhecia, e algumas entraram em contato, disponibilizando-se a fazer parte da pesquisa”.
Lívia diz que esperava conversas
curtas e com palavras abreviadas, mas foi surpreendida com entrevistas virtuais
de em média uma hora e 45 minutos de duração. “As conversas me mostraram que as
relações podem ser duradouras e que há autenticidade afetiva nelas. Também, as
novas tecnologias favorecem o encontro entre as pessoas”, revela. Segundo ela,
alguns dos entrevistados mantinham projetos profissionais e artísticos com
amigos virtuais. “Uma menina, que era atriz, contou que conheceu uma amiga pela
internet. Ambas moravam na mesma cidade mas nunca se encontraram, mas uma
escrevia roteiro e enviava para a outra, por exemplo. Outro entrevistado
conseguiu montar uma banda com gente que conheceu pela internet”.
Perfil dos entrevistados
Ao todo foram 14 entrevistados. Todos eram adultos, tinham em média 24 anos e moravam em diversas cidades, como São Paulo, Belém (PA), Campina Grande (PB), Andradas (MG), Brasília (DF), Manaus (AM), Montes Claros (MG) e até Florença (Itália). “A menina que morava na Itália era brasileira e contou que a internet a ajudou a conhecer outros brasileiros que moravam por lá também. Isso ajudou na sua rede de acolhimento no novo país”, conta Lívia. Os entrevistados também exerciam as mais diversas profissões. Havia entre os entrevistados uma advogada, duas atrizes, dois jornalistas, três psicólogos, dois estudantes, uma fisioterapeuta, uma assistente de qualidade, uma desempregada e um produtor audiovisual.
Ao todo foram 14 entrevistados. Todos eram adultos, tinham em média 24 anos e moravam em diversas cidades, como São Paulo, Belém (PA), Campina Grande (PB), Andradas (MG), Brasília (DF), Manaus (AM), Montes Claros (MG) e até Florença (Itália). “A menina que morava na Itália era brasileira e contou que a internet a ajudou a conhecer outros brasileiros que moravam por lá também. Isso ajudou na sua rede de acolhimento no novo país”, conta Lívia. Os entrevistados também exerciam as mais diversas profissões. Havia entre os entrevistados uma advogada, duas atrizes, dois jornalistas, três psicólogos, dois estudantes, uma fisioterapeuta, uma assistente de qualidade, uma desempregada e um produtor audiovisual.
Segundo a autora, as relações de
amizades mediadas pela internet têm como especificidade uma intensa troca de
opiniões que mobilizam os amigos a refletir. “As pessoas são instigadas a
pensar e encontram-se implicados na exercício político de considerar a opinião
do outro. De fato, neste tipo de relação, quando o interlocutor é considerado
amigo é porque de algum modo o que ele fala e pensa já sensibilizou ou afetou o
seu outro”, afirma. Em outras palavras, a designação de amizade, nas relações
mediadas no ciberespaço, articula-se com o fato de que os corpos consideram e
são afetados por aquilo que o outro diz nas conversas online. “Os sujeitos
destacam que em suas relações de amizades travadas pela internet o amigo ajuda
a refletir e a esclarecer dúvidas, colabora na tomada de decisão bem como na
relativização do pensamento”.
Lívia ainda afirma que cada vez mais
as relações sociais estão sendo mediadas pelas tecnologias da informática.
“Muitas pessoas não têm acesso à internet e, por isso, acabam excluídas, não
podendo exercer plenamente sua cidadania. O não acesso a serviços que são
oferecidos exclusivamente via internet, bem como a dispositivos tecnológicos
cada vez mais presentes em todas as esferas da vida cotidiana conduzem a novos
territórios de exclusão”, explica.
Enviado pelo Professor da UFRGS Luiz Roberto Nuñesos
Padilla.
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