Eliana Calmon chama associações de juízes de 'mentirosas'
BRASÍLIA
- A ministra Eliana Calmon, corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
disse nesta quinta-feira que as associações representativas de juízes são
"mentirosas", "maledicentes", "corporativas" e
estão focadas numa "tentativa de linchamento moral contra ela". Ela
negou as informações das associações de que ela estaria investigando 231 mil
magistrados, servidores de tribunais e seus parentes. Segundo a ministra, os
magistrados sob investigação não passam de 500 integrantes de 22 tribunais.
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Corregedora nega investigações sobre ministros do STF
- Só posso lamentar a polêmica, que é fruto de maledicência e irresponsabilidade da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) e da Anamatra (Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho), que mentirosamente desinformam a população ou informam com declarações incendiárias e inverossímeis - afirmou.
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- Só posso lamentar a polêmica, que é fruto de maledicência e irresponsabilidade da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) e da Anamatra (Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho), que mentirosamente desinformam a população ou informam com declarações incendiárias e inverossímeis - afirmou.
A
corregedora disse que, com base em dados fornecidos pelo Conselho de Controle
de Atividades Financeiras (Coaf), 150 magistrados do estado de São Paulo
tiveram a movimentação financeira taxada de atípica, porque receberam mais de
R$ 250 mil por ano. No estado, 45% dos juízes não apresentaram declaração de
Imposto de Renda, uma atitude obrigatória por lei. Outra preocupação é com o
Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, onde nenhum juiz apresentou o
documento.
O período
examinado pela corregedoria são os anos de 2009 e 2010. A ministra explicou que
as movimentações atípicas não necessariamente constituem irregularidades.
Agora, os técnicos do CNJ vão examinar os pagamentos para dizer quais são
ilegais. Há casos aceitáveis - como, por exemplo, heranças recebidas ou
eventual venda de imóvel que represente ganho na renda do magistrado. Ela negou
que tivesse acessado dados bancários dos magistrados.
Eliana
Calmon disse que o monitoramento da evolução patrimonial dos juízes brasileiros
é feito pelo CNJ há quatro anos, com base na emenda constitucional que criou o
órgão. Ela reiterou sua posição de que o conselho deve fiscalizar a
magistratura para contribuir com o fim da corrupção no país. Para ela, as
associações de classe estão interessadas em comprometer a "sobrevivência
com autonomia do CNJ":
- Este
é o verdadeiro ovo da serpente.
A
decisão de interromper as investigações foi do ministro Ricardo Lewandowski, do
Supremo Tribunal Federal (STF), em liminar pedida pelas associações
representativas dos juízes. Por conta da polêmica, Eliana interrompeu suas
férias e voltou a Brasília para dar entrevista sobre o assunto.
A
ministra negou que a corregedoria tivesse informações sobre os rendimentos dos
ministros Lewandowski e Cezar Peluso, do STF. Ela esclareceu que nenhum dos
dois foi incluído na investigação, ao contrário do que informou parte da
imprensa. A corregedora disse que não conversará com os ministros sobre o
episódio
- Se a
questão está judicializada, não se pode conversar como se fosse um clube de
amigos - disse.
Na
segunda-feira, o ministro Marco Aurélio Mello, também do STF, deu liminar
proibindo o CNJ de investigar qualquer juiz que não tenha sido antes
investigado pela corregedoria do tribunal onde trabalha. A ministra afirmou
que, por enquanto, não vai enviar os processos abertos no conselho para as
corregedorias nos estados, porque ainda não recebeu a decisão do ministro. Ela
acrescentou que, segundo foi informada, esse pedido de transferência de foro
das investigações não estaria expresso na liminar.
- Se
ele mandar eu devolver, eu devolvo - ponderou.
Juízes
querem que MP investigue corregedora
Em
mais um capítulo da guerra travada entre juízes e o CNJ, a Ajufe , a AMB e
Anamatra divulgaram nota nesta quinta-feira anunciando que pedirão à
Procuradoria Geral da República (PGR) para investigar a ministra Eliana Calmon.
As entidades reclamam da suposta quebra do sigilo de dados de 231 mil juízes,
servidores de tribunais e parentes, sem ordem judicial, por parte da corregedora.
As
entidades também anunciaram que vão pedir ao presidente do CNJ e do Supremo
Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso, a instauração de uma investigação na
corregedoria do conselho para apurar o episódio. "As Associações entendem
que a quebra do sigilo de dados de apenas um cidadão brasileiro, sem
autorização judicial, já constitui violação ao texto constitucional e prática
de crime", diz a nota.
Por
fim, as associações afirmam que apoiam as atividades do conselho, desde que
exercidas dentro da lei. "As Associações subscritoras continuarão apoiando
todas as medidas de investigação do CNJ da conduta de juízes e servidores do
Poder Judiciário, desde que observadas as garantias constitucionais inerentes a
todos os cidadãos brasileiros", concluem.
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